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Reportagem: Fábrica de Cultura

REPORTAGEM                                                       
Fábricas de Cultura incentivam a arte nas periferias de São Paulo

Com o intuito de tornar a arte acessível e gratuita para crianças e jovens, principalmente em regiões periféricas, as Fábricas de Cultura se tornam essenciais
   Isabelle Moura, 17, mora na região do Itaim Paulista, zona Leste de São Paulo. Dos oitos anos até os 15 ela participava de aulas de dança contemporânea e teatro na Fábrica de Cultura da sua comunidade. Em sua experiencia, conta que foi incrível participar e só parou por conta do trabalho e estudos. No entanto, indica o projeto pois segundo ela: é um direito que os jovens da periferia tenham a oportunidade de participar, porque a Arte e a Cultura são para todos.
  
  As Fábricas de Cultura são uma iniciativa do Governo de São Paulo, em parceria com a Secretária de Cultura, que acontece desde 2007. No entanto, sua primeira unidade oficial teve inauguração na Vila Curuçá no ano de 2011. Atualmente, conta com doze unidades, sendo cinco somente na zona Leste e as demais distribuídas pelas outras zonas do Estado.

  Em parceria também com o Catavento Cultural e Educacional, o maior intuito do projeto é oferecer oportunidades totalmente gratuitas para jovens em situação de vulnerabilidade por meio de cursos como teatro, música, dança e diversas atividades culturais. Aumentando assim, a possibilidade de acesso à cultura em periferias e a construção de jovens nesse meio.

APOIO A CULTURA EMERGENTE NAS PERIFERIAS

  A Fábrica de Cultura é repleta de atividades para crianças, jovens e adultos. Em sua missão de levar cultura para a comunidade periférica, o projeto conta com cursos de iniciação artística (8 a 21 anos) e formação cultural (a partir dos 12 anos) nas áreas de música, dança, teatro, circo, grafite, DJ e muito mais. E também, há uma programação cultural com show, espetáculos, palestras, exibição de filmes e exposições. 
  Sua estrutura completa permite salas de ensaio para artistas e grupos que gostariam de desenvolver seus projetos, bibliotecas com uma diversidade de livros e acesso à internet, estúdio de gravação e captação com profissionais técnicos e ainda, salas disponíveis para agendar ensaios ou estudos.  
  As fábricas fornecem suporte para diferentes eventos e festivais nas comunidades, sendo considerada presente e receptiva para a criação e apoio de ações culturais emergentes. Segundo o relatório de atividades de 2019, o projeto está no “top of mind¹” dos produtores das periferias devido sua capacidade de estruturação.  
  Um dos eventos mais conhecidos que teve suporte da Fábrica de Cultura foi o festival Perifacon, realizado em 2019 na unidade do Capão Redondo, zona Sul de São Paulo. O evento é considerado a Comic Con da periferia, promovendo a cultura nerd em meio a quadrinhos, debates e artistas independentes. Tudo isso reforçando a representatividade da comunidade periférica de São Paulo e viabilizando o acesso à cultura. Além de sediar o espaço para o festival, a Fábrica auxiliou no incentivo de dados e organização. Atualmente, o festival teve tanto sucesso que será sediado em outro espaço que não as Fábrica por conta do tamanho. No entanto, isso só reforça o apoio fornecido a cultura emergente na periferia.  
“Pela Fábrica ser em uma comunidade, isso traz uma cultura da qual não temos tanto acesso, por exemplo, grafite, dança e até balé. É um benefício para nós e é tudo de graça, em uma qualidade absurda. Você realmente aprende lá", relata Mariana Winston, aluna da Fábrica do Itaim Paulista, em entrevista realizada pelo 0800sp

CORTES DE VERBAS COLOCAM A CULTURA EM PERIGO

O governo do Estado de São Paulo determinou um corte de 14% nas verbas destinadas a cultura. Devido a pandemia do Corona vírus o setor se tornou o mais afetado, mas o Ministério da Cultura já vem sofrendo cortes nos últimos anos.  
   Em janeiro de 2019, o governador João Dória (PSDB) assinou um decreto que tirou 148 milhões do total destinado à Secretaria da Cultura. De acordo com comunicado feito pela A Associação Brasileira das Organizações Sociais de Cultura (Abraosc), no ano passado, estes cortes “põe em risco atividades dos principais equipamentos e programas”. 
    A fábrica de cultura, museus, bibliotecas, entre outras organizações correram riscos de fechamentos, reduções de salários dos funcionários e até mesmo demissões. 

    Em texto, a ABRAOSC também diz que alunos beneficiados pelas atividades educativas destas e outras instituições deixariam de ser assistidos e mais de mil funcionários demitidos. 
  Congelamento de recursos e fechamentos de instituições causa preocupação para quem depende destas instituições de artes. “Já vi diversos casos de crianças que não tinham como comer em casa, mas tinham como comer na fábrica. Nenhuma noção de Arte em casa, mas na Fábrica conheceu”, complementa Isabelle.
    No entanto, mesmo com os cortes direcionados à cultura, as Fábricas permaneceram em funcionamento com todas as atividades e mantiveram seu espaço cheio com os jovens das comunidades. Atualmente, todas as unidades se encontram fechadas temporariamente devido ao COVID-19, mas é previsto uma reabertura normal pós-pandemia.
Por Ana Cristina e Myllena Ferreira
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Reportagem sobre cultura gratuita nas periferias de São Paulo

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